quarta-feira, 17 de outubro de 2012

"ALÉM DA PEDRA" EM ÁGUAS DE LINDÓIA

 O "Além da Pedra" foi até Águas de Lindóia, no estado de São Paulo para o evento anual FeSBE, a Federação das Sociedades de Biologia Experimental. Foi a sua XXVII Reunião Anual e ocorreu entre os dias 22 e 25 de agosto. No site do evento, vocês podem encontrar maiores informações: http://www.fesbe.org.br/fesbe2012/. Fui como representante do grupo.



 
A equipe produziu um painel que especificava a relevância, o objetivo, a metodologia, os resultados e as conclusões parciais da pesquisa e reproduzia fotos do Palácio Universitário para ser exibido no evento. À direita, foto com o painel.
 
Lá, foram apresentados projetos científicos de diferentes níveis, dentre eles, os de Iniciação Científica de Ensino Médio, num dos quais eu e minha colega, Júlia Rodrigues Mendes, estamos inseridas. O nosso painel, intitulado “Além da Pedra: explorando e divulgando o patrimônio edificado da UFRJ”, foi exposto na sessão "O Jovem e a Ciência". Em vista da natureza do evento, havia um número significativo de projetos nas áreas de Biologia, Biomedicina e Bioquímica e, sendo a nossa pesquisa na área de Humanas, o nosso painel despertou interesse: fizemos a diferença! A experiência foi muito gratificante e foi a estréia do "Além da Pedra" em eventos.
 


Giovanna na FeSBE (foto: equipe do NICJr do CAp./UFRJ)
 
 
Nossa equipe está inscrita em mais dois outros eventos:
 




4   XXII Ciclo de Debates em História Antiga “História & Narrativas”: de 24 a 28 de setembro de 2012 no Instituto de História da UFRJ (mesa de comunicações 19: dia 26/09 de 14h às 15h30m na sala 225) – Júlia Rodrigues Mendes brevemente apresentará um relato da nossa participação neste evento.

Site: http://www.lhia.historia.ufrj.br/ciclo/ 
 



4   XXXIV Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural: de 05 a 09 de novembro de 2012 no Campus da Praia Vermelha da UFRJ (sessão 181 – Artes V: dia 09/11 de 14h às 17h na sala 06 do Instituto de Psicologia).

Site: http://www.jic.ufrj.br/



Até breve!

   Giovanna Creador da Cunha

segunda-feira, 3 de setembro de 2012


Nas areias da Praia da Saudade,...

desde 1852, uma imponente construção dominava a paisagem e atraía a atenção de artistas estrangeiros que estavam no Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil (1822-1889):

 
Pieter Godfred Bertichen (1796-1866), pintor e gravador, nascido nos Países Baixos (atual Holanda) e radicado no Brasil desde 1837. Teve publicado o álbum intitulado O Brasil pitoresco e monumental em 1856.
Disponível em: http://rememorarte.blog.br/?attachment_id=3889. Acesso em 09/08/2012.
 
 

 
Sébastien Auguste Sisson (1824-1893), litógrafo, desenhista e biógrafo francês, radicado no Brasil desde 1852. Dentre seus trabalhos, há o Álbum do Rio de Janeiro Moderno, publicado por volta de 1860.

 
  Jean-Victor Frond (1821-1881), fotógrafo e pintor francês, possuiu um estúdio no Rio de Janeiro entre 1858 e 1862. Em 1859, publicou o livro de fotografia intitulado Brazil pittoresco: álbum de vistas, panoramas, monumentos, costumes, etc., com retratos de Sua Majestade Imperador Dom Pedro II et Família Imperial, com texto de autoria de Charles Ribeyrolles. Uma das fotografias de Frond serviu de base para a litografia feita pelo francês Bachelier em 1861.
 

Apenas uma faixa de areia separava o prédio das águas da Baía de Guanabara. Contudo, já em fins do século XIX e início do XX, a situação era outra...

Na foto abaixo, em frente ao prédio retratado pelos artistas estrangeiros em meados do século XIX, já havia uma via arborizada e um cais, usado como atracadouro pelos pescadores, que estreitavam significativamente as areias da Praia da Saudade. Ao fundo, vemos o morro do Corcovado sem a estátua do Cristo Redentor, cuja inauguração ainda ocorreria em 1931.


 
 

Abaixo, outro ângulo do prédio, agora, tendo ao fundo o morro da Babilônia, que separa Botafogo de Copacabana.

 
 
Disponível em: http://www.jblog.com.br/rioantigo.php?itemid=23749. Acesso em: 12/04/2012.


A seguir, outra perspectiva fotográfica do prédio, cercado por algumas construções, tendo um cais na frente e emoldurado pelos morros do Pão de Açúcar e da Babilônia.

 
 
 
 
 
 
Disponível em: http://www.urca.net/fotos.htm. Acesso em: 10/08/2012.

Entre 1870 e 1880, o comerciante português Domingos Fernandes Pinto propôs transformar a região da Praia da Saudade e da Praia Vermelha num novo bairro, ou melhor, numa nova cidade. Em 2 de março de 1895, ele assinou contrato com a Intendência Municipal para a construção de um cais, ligando a Praia da Saudade à Fortaleza de São João na Praia Vermelha. O empreendimento de ocupação da região não foi adiante, pois, anos depois, o Exército embargou a obra para não prejudicar a defesa da sua instalação militar. Um novo contrato com a Prefeitura foi assinado em 1919, mas Domingos Fernandes Pinto não pôde cumpri-lo. Em 1921, foi constituída a Sociedade Anônima Empresa da Urca, com o objetivo de dar execução aos contratos para construção da extensão do cais nos termos do antigo contrato de 1919 entre a Prefeitura e Domingos Fernandes Pinto. Era o “pontapé” inicial para o surgimento do bairro da Urca, cujo plano geral de arruamento e loteamento foi aprovado em 1922 e, no ano seguinte, teve descritos e definitivamente aceitos os Planos de Abertura das suas ruas.

Neste contexto, a Praia da Saudade foi sendo aterrada com a construção de balaustrada ao longo da já denominada Avenida Pasteur. Por fim, nada restou dela, quando, em 1927, o Governo Federal concedeu para o então Fluminense Yachting Club, atual Iate Clube do Rio de Janeiro, terreno para a construção da sua sede.

 
 
 
 
Foto do Iate Clube do Rio de Janeiro, que será um dos locais de treinamento para os esportes de vela durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Logo atrás, o atual Palácio Universitário.
Disponível em:
http://www.rio2016.com/pregamestraining/pt/node/239. Acesso em: 10/08/2012.

E, assim, a Praia da Saudade ficou na saudade e o atual Palácio Universitário perdeu seu acesso direto às águas da Baía de Guanabara.

Mas, o que teria motivado a construção do primeiro dos grandes edifícios na Praia da Saudade e que foi eternizado por artistas estrangeiros? É o que desvendaremos na próxima postagem, quando desenterraremos a história do Palácio Universitário das areias, agora, do tempo.


Para saber mais sobre:

 

4  Artistas estrangeiros do século XIX e urbanismo carioca

 

Sites:


BARATA, C. E. de A. O Rio de Janeiro visto pelos artistas franceses. Apresentação em PowerPoint em 5 partes. Disponível em: http://www.google.com.br/#hl=pt-BR&output=search&sclient=psy-ab&q=%22O+Rio+de+Janeiro+visto+pelos+artistas+franceses%22&oq=%22O+Rio+de+Janeiro+visto+pelos+artistas+franceses%22&gs_l=hp.3..0i30.14783.21365.0.22518.3.3.0.0.0.0.443.1090.3-2j1.3.0...0.0...1c.dNhW0xmCuUg&pbx=1&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.r_qf.&fp=c6682dc31d1249f6&biw=1024&bih=673 . Acesso em: 09/08/2012. (sobre urbanismo no Rio de Janeiro, ver: http://www.youtube.com/user/CauBarata)

 

Livros:

BANDEIRA, J.; LAGO, P. C. et.al. Debret e o Brasil: Obra Completa 1816-1831. Rio de Janeiro: Capivara, 2007.

BANDEIRA, J.; WAGNER, R. Viagem nas Aquarelas de Thomas Ender - 1817-1818. Vol.III. Rio de Janeiro: Kapa, 2000.

BARRA, S. Entre a Corte e a Cidade – O Rio de Janeiro nos tempos do Rei (1808-1821). Rio de Janeiro: José Olympio, 2008.

BARREIROS, E. C. Atlas da evolução urbana da cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: IHGB, 1965.

CAVALCANTI, N. O Rio de Janeiro Setecentista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.

CHAMBERLAIN, H. Vista e costumes da cidade e arredores do Rio de Janeiro em 1818-1819. Rio de Janeiro: s/e, 1943.

COARACY, V. Memórias da cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: José Olympio, 1955.

FERREZ, G. Iconografia do Rio de Janeiro. 1530-1890. Catálogo Analítico. Vol. II. Rio de Janeiro: Casa Jorge Editorial, 2000.

OBERACKER JUNIOR, C. H. Viajantes, naturalistas e artistas estrangeiros. In: HOLANDA, S. B. de (Org.). História geral da civilização brasileira. Vol. 1. Tomo 2. São Paulo: Difel, 1962.

 

Acervo de instituições culturais no Rio de Janeiro:

Arquivo Nacional (acervo do fotógrafo franco-brasileiro Marc Ferrez): Praça da República, 173 - Rio de Janeiro (http://www.an.gov.br/ferrez/)

Instituto Moreira Salles: Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea - Rio de Janeiro (http://ims.uol.com.br/)

Museu do Açude: Estrada do Açude, 764, Alto da Boa Vista - Rio de Janeiro (http://www.museuscastromaya.com.br/acude.htm)

Chácara do Céu: Rua Murtinho Nobre, 93, Santa Teresa - Rio de Janeiro (http://www.museuscastromaya.com.br/chacara.htm)

 
 

4  Bairro da Urca

 


 

Livro: LOUZEIRO, J. Urca: o bairro sonhado. Rio de Janeiro: Prefeitura do Rio de Janeiro / Secretaria Municipal de Cultura / RioArte e Relume Dumará, 2000. (Col. Coleção Cantos do Rio)

 
 

4  História de práticas esportivas no Rio de Janeiro

 


 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012


Palácio... Universitário?!!



Este é o nome dado para a antiga construção (e “bota antigo” nisto: o prédio completa 160 anos em 2012!) da UFRJ que se localiza na Urca, bairro da zona sul carioca.
Alguns de vocês, que moram ou visitaram o Rio de Janeiro, podem ter passado por ele e nem se deram conta da sua existência...
Quando falamos em Urca, qual é a primeira coisa que vocês pensam? Não seria o morro do Pão de Açúcar? Afinal, é uma das referências da nossa cidade e que muito contribuiu para que o Rio fosse a primeira cidade eleita para o título de “Patrimônio Natural da Humanidade” pela UNESCO. É fácil localizar o Pão de Açúcar na foto abaixo: está à direita.

Foto de Gabriela d’Araujo (2005). Disponível em: http://www.imagem.ufrj.br. Acesso em: 06/04/2012.

O morro do Pão de Açúcar é uma das divisas naturais entre a Baía de Guanabara e o mar aberto. Perto, há o Iate Clube. Na foto, vemos sua estrutura retangular (semelhante a dois “braços” se fechando) na Baía de Guanabara para abrigar os barcos. Pois é, justamente, em frente ao clube, que se encontra o Palácio Universitário! Assim, no caminho para o bondinho do Pão de Açúcar, passamos pelo Palácio.
Para os consumistas de plantão, o Palácio Universitário fica próximo ao shopping RioSul. Na foto abaixo, aparece o Palácio Universitário sob outro ângulo e o RioSul está ao fundo (dica para localizar o shopping: é o prédio mais alto).

Foto de Gabriela d’Araujo (2005). Disponível em: http://www.imagem.ufrj.br. Acesso em: 06/04/2012.

Reconheçamos, o Palácio Universitário é bastante fotogênico.
É uma construção realmente grandiosa de aparência nobre! Portanto, nada mais justo que tenha o termo Palácio no seu nome. Na planta abaixo, vemos, em detalhe, sua estruturação.



Destacamos sua forma simétrica: dividida basicamente em três seções: duas laterais retangulares iguais, ambas possuem dois pátios quadrangulares internos formando um “oito”, enquanto a seção central se diferencia pela construção mais alta (bem visível nas fotos anteriores) com três andares e telhado triangular finalizado em abóbada (parte arredonda), que está interligada com as duas seções laterais através de pátios menores. Esta simetria nós dá a impressão de equilíbrio, ordem e racionalidade, características do estilo arquitetônico da sua construção: o neoclassicismo. Nas próximas postagens, voltaremos a tratar desse e de outros elementos neoclássicos do prédio.
Se, hoje, o Palácio Universitário é cercado de prédios e limitado pelas Avenidas Venceslau Brás e Pasteur com seu trânsito intenso de carros e ônibus:

Nem sempre foi assim... Há 160 anos, quando o Palácio foi erguido, o ambiente era bem mais bucólico, como veremos na nossa próxima postagem.